A segunda funcionária da Casa Bertozzi, Lorena Filter Mazzarino, só deixou a empresa quando casou em 1966, depois de 6 anos de convívio com a loja e com a família Bertozzi.
Donda Lorena sempre foi tratada, segundo ela própria, como membro da família. Chegava pela manhã. Seu Reinoldo ou Dona Anorma jogavam a chave do segundo piso da loja, ela entrava, varria, organizava e atendia os clientes que chegavam. Muitas vezes ia para a cozinha fazer o almoço da família e tomar conta dos filhos pequenos.
Lorena citou em seu relato, muitas vezes o nome do Norberto, o primeiro filho a trabalhar na loja, falecido em 1968, considerado um irmão para ela. Os dois inúmeras vezes substiruíram Reinoldo e Anorma quando esses iam passar férias em Iraí ou fazer compras, e a confiança era plena e absoluta.
Na cidade, lembra Lorena, lojas do mesmo gênero só tinham duas, A Casa Bertozzi e a Loja Primor, da Marieta e do Vitorino Seppi.
Lorena ainda lembra de algumas manias da clientela, que chegava na loja e fazia descer toda a prateleira de calçados, tipos e marcas diferentes, e após experimentar quase todos os modelos, na maioria das vezes nada levava. Eles vinham apenas conferir as novidades, comenta. Mas com o tempo foi aprendendo a mania, e conforme o cliente experimentava o calçado, ela já ia fechando a caixa e guardando os calçados na prateleira pra não ver tudo acumulado, e assim economizava tempo.
Do seu Reinoldo, faz questão de ressaltar sua exigência para ver tudo certo. Uma pessoa correta, honesta e muito dedicada, que seguidamente viajava para a Serra e Vale dos Sinos para comprar mercadorias.
Faz questão de ressaltar a grande amizade entre Reinoldo, Bertholdo Dewes e Albino Guerini que, quase que diariamente, iam até uma das salas da loja fumar muito e falar sobre a política do Brizola(do qual Reinoldo era fã convicto), entre outros, como Juscelino, João Goulart, Jânio Quadros e da política no Brasil e Encantado.
Lorena lembra que um hábito das famílias italianas do interior, é quando alguém alguém está por casar-se, o costume era ir para a loja fazer o enxoval, e lá vestiam desde o irmão mais novo até o avô. Eram compradas calças, camisas, vestidos, meias, sapatos, enfim, tudo o que poderia ser usado na cerimônia.
Destaca que a loja tinha muito controle com os fichários manuais de clientes e estoque, e até sabiam que alguns clientes que estavam em atraso e aqueles que mudavam de calçada para evitar passar em frente à loja.
Lorena finaliza, dizendo que embora não tenha muito envolvimento com a família Bertozzi atualmente, guarda com saudade uma época muito especial de sua vida e sempre gosta de lembrar com carinho as amizades do tempo de balconista na Casa Bertozzi.
.Lorena Filter Mazzarino
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